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17-06-2005

Lágrimas e emoções à volta do Monumento aos Combatentes


Oliveira do Bairro

“O município de Oliveira do Bairro, homenageando os combatentes falecidos, cujos nomes se encontram gravados numa das faces do monumento, honra também os combatentes vivos e cumprimenta com respeito os pais, mães, viúvas e outros familiares, associando-se à dor que todos ainda sentem. A chama da Pátria que simbolicamente foi acesa inspirar-nos-á a lembrar eternamente os jovens falecidos” .

Quem o afirmou foi o presidente da Câmara de Oliveira do Bairro, Acílio Gala, durante a inauguração do Monumento aos Combatentes do Município, acto que teve a presenciá-lo, com emoção e algumas lágrimas, largas centenas de pessoas de todos os extractos sociais

Ilustres presenças

Marcaram presença no acto, para além de centenas de pessoas, entre combatentes, (alguns com as suas boinas ou condecorações ao peito), familiares e outras, tenente-general Joaquim Chito Rodrigues, presidente da Liga dos Combatentes; Prof. Doutor Adriano José Alves Moreira; Francisco Miguel Rocha Grave Pereira, Comandante do Regimento de Engenharia de Espinho, em representação do tenente-general, comandante da Região Militar do Norte; deputado Paulo Portas, ex-ministro da Defesa que, na devida altura, fez com que os combatentes passassem a contar para a sua reforma os anos gastos na guerra; adjunto do Governo Civil, Fernando Mendonça; presidente da Assembleia Municipal, Jorge Mendonça; José Augusto de Almeida Batista, membro da Assembleia Geral da Associação Nacional dos Prisioneiros de Guerra; presidente da Associação Combatentes do Ultramar Português, José Adelino Ferreira Nunes; Associação Portuguesa dos Veteranos de Guerra; representante da Associação Nacional dos Combatentes do Ultramar; Núcleos das Ligas dos Combatentes, nomeadamente Associação de Comandos, delegação de Mira, e núcleos da Liga de Combatentes de Aveiro e Abrantes.

“Dívida histórica”

Sufragadas as almas dos que, em hora adversa, tombaram em combate, na igreja matriz, que estava repleta, em missa celebrada pelo pároco, padre António Cruz, procedeu-se à bênção e inauguração do Monumento, situado no coração da cidade, topo norte da Avenida Abílio Pereira Pinto, o qual tem a assinatura da arquitecta do GAT de Águeda, Ana Maria Parente.

O acto religioso foi da responsabilidade do padre António Cruz.

Este monumento, à volta da qual se gerou simpatia e adesão, não honra apenas (face interior, onde estão gravados os nomes de todos quando tombaram ao serviço da Pátria) os combatentes falecidos e os outros que tiveram a dita de não serem ceifados nas emboscadas ou simples acidentes, mas todos quantos trabalharam nas províncias ultramarinas, as mães dos soldados, e tanta outra gente esquecida.. Isso está bem patente nas palavras de Acílio Gala quando afirmou: “é justo também lembrar a dívida histórica que a Pátria tem para com todas as mulheres portuguesas, combatentes também em muitas frentes”.

Esta a grande novidade deste monumento relativamente a tantos outros que se conhecem por este país além, e são mais de duzentos.

É por isso que o Monumento tem duas faces, porque, ao fim e ao cabo, “não podia deixar de prestar homenagem a todas as pessoas anónimas deste município, que por aquele ideal se sacrificaram”.

Decorridos todos estes anos, o monumento inaugurado “exige não apenas o olhar, mas, sobretudo a visão; exige não só o ver das palavras, nomes, símbolos, formas e materiais que o constituem, mas sobretudo a leitura medida e cordial”

Isto é, estão ali também homenageados “os homens e mulheres que se sacrificaram e se sacrificam por aqueles que amam e com esse sacrifício garantiram e garantem um amor desinteressado nas almas dos amados”.

Esta visão mais ampla e mais abrangente está bem explícita na face (nascente) onde, a ilustrar aparecem a esfera armilar e versos de Camões. Nesta face se lê claramente: “ a todas as pessoas do nosso concelho que no Além Mar se sacrificaram pelo ideal de comunidades multiculturais, prósperas e fraternas”

“Para não ficarem mortos na alma”

Adriano Moreira começou por declarar que não podia deixar de estar presente nesta cerimónia, dizendo, de seguida, “palavras apropriadas para a circunstância”. Afirmou mesmo que, afinal, Portugal desde a primeira dinastia “viveu sempre em campanha” e, pelo meio, “o mar salgado e as lágrimas”, numa referência a um poema de Fernando Pessoa, que lembra ainda “as noivas por casar”.

Outra ideia que deixou foi a de que os soldados portugueses combateram para “não ficarem mortos na alma”, porque “a defesa é sempre necessária”, preferindo a luta “a verem-se mortos na alma”.

Realçou o papel das mulheres (mães, irmãs e noivas), a quem também é dedicado o monumento, que, embora na rectaguarda, “tomaram parte nesse combate”, desempenhando “um papel essencial”.

Perpetuar a memória

Fechou a série de discursos, o tenente-general, presidente da Liga dos Combatentes, Joaquim Chito Rodrigues que sintetizou: “hoje homenageamos, de maneira simples, mas profunda e duradoura, nesta terra da Bairrada, os Homens e Mulheres de Oliveira que, ao longo da história, lutaram, alguns com sacrifício da vida, e outros ainda lutam pelos interesses vitais da sua terra, da sua nação, e da sua Pátria” - uma ideia que está bem expressa na face (nascente) do monumento que, no geral, todos consideram bem concebido e muito bonito, iluminado à noite.

Em face disso e desta abrangência (mortos, combatentes e sociedade civil), Chito Rodrigues considerou que, na sequência de “factos que marcaram profundamente a vida de todos os portugueses... estamos perante um acto de pura lucidez, de puro reconhecimento, que se quer prestar aos construtores desse passado e de exemplo que se quer transmitir” aios portugueses de hoje e de amanhã.

“Porque não nos correu a última gota de sangue a alimentar esse rio vermelho de guerra, pegando em armas para cumprimento de uma decisão política, na defesa do que esta considerou serem os interesses vitais do país...Aqui estamos hoje, com o mais profundo respeito e apreço a homenagear e a perpetuar a memória daqueles que acabaram por fazê-lo”, mais afirmou Chito Rodrigues, que terminaria por deixar um voto: “para que este monumento seja a partir de hoje um monumento vivo e aqui se transmita aos vindouros de Oliveira do Bairro e à sua juventude os feitos dos seus antepassados”.

Findos os discursos, Chito Rodrigues, Adriano Moreira e Acílio Gala, descerraram o monumento, seguindo-se o acender da chama da Pátria pelo presidente da câmara (sustentada a gás).

A mensagem dos clarins caixa

Talvez nesta cerimónia cívica, destinada a honrar os Combatentes da Guerra do Ultramar, fosse apropriado fazer ouvir apenas os clarins, num dos toques que misturam os sons da agonia com os sons da glória. Mas é costume antigo que os cidadãos procedam a cerimónias públicas em honra dos que combateram na guerra, erguendo a Bandeira da Pátria.”

- Professor doutor Adriano Moreira na inauguração do Monumento aos Combatentes do Ultramar, junto à Torre de Belém.

Os clarins (pelotão do Regfimento de Espinho), findas as intervenções, soaram na praça e foi um momento de grande emoção que perpassou por todos os rostos.

Nomes e flores

Cândido Martins de Jesus, soldado, falecido em 13 de Abril de 1961, Angola; António Viegas Martins dos santos, 1º cabo, falecido em 17 de Agosto de 1963, Angola; Arlindo dos Santos Cardoso, 1º. cabo, falecido em 5 de Janeiro de 1965, na Guiné; António da Silva Ferreira, 1º cabo, falecido em 19 de Junho de 1966, Angola; Daniel de Jesus, soldado, falecido em 6 de Janeiro de 1967, em Moçambique; Manuel Nunes Reis Cardoso, furriel, falecido em 3 de Fevereiro de 1968; António Ferreira Anastácio, soldado, falecido em 25 de Maio de 1970, em Moçambique; Pompílio Santos Graça, soldado, falecido em 6 de Novembro de 1970; Nelson Joaquim A.P. Soares, alferes, falecido em 26 de Outubro de 1971, na Guiné; José Luis Alves de Sousa, soldado, falecido em 28 de Janeiro de 1973, em Angola e Óscar de Oliveira Gala, furriel, falecido em 30 de Janeiro de 1974.

Depois do toque de clarins, foi feita a chamada dos mortos à mistura com um gesto que calou profundamente sobretudo nos familiares que tiveram um lugar de destaque ao lado do Monumento, a entrega de ramos de flores aos familiares que, passados todos estes anos, deixaram assomar aos olhos algumas lágrimas e ao coração sombras de tristeza e memória aguda.


Armor Pires Mota


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